jueves, 2 de agosto de 2012

ESPORTE E OSTEOARTRITE

O esporte além de ser prática pecaminosa, ela pode prejudicar gravemente a saúde. Especialistas de alta credibilidade corroboram nossa posição ideológica em vários pontos, como neste artigo assinado pelo professor Nivaldo Baldo. (comentário do Escriba Valdemir Mota de Menezes)

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Osteoartrite


Prof. Nivaldo Baldo
A osteoartrite é uma doença degenerativa articular. Seus mecanismos patogênicos são variados, como os mecânicos, que podem estar associados à mutação nos genes dos colágenos tipos II e X.

É uma artropatia, “doença articular”, generalizada ou localizada, onde os sinais de imagens como radiológicos inicialmente não acompanham o aparecimento desta doença articular.

A osteoartrite é um fenômeno de resposta intrínseca desordenada inflamatória dos tecidos moles e das cartilagens articulares.

Se lembrarmos que o prefixo "artro", vem do grego "arthros" e significa articulação, e a ele juntarmos o sufixo "ite" que significa inflamação, teremos a etimologia da palavra "artrite". O mesmo acontecerá ao juntarmos o sufixo "ose" que significa degeneração.

Os termos Osteoartrite e Osteoartrose surgiram posteriormente, para exemplificar melhor a doença Artrose, quando foi descoberto que o osso sub condral (embaixo da cartilagem) participava no processo fisiopatológico da doença, quando ocorre uma real degeneração estrutural.

Marcadores séricos da degradação do agrecano – queratan, sulfato de antigênico e do metabolismo que é a proliferação da sinovial – hialuronan sugerem o caráter sistêmico da osteoartrite. (Cossermelli sp)

As alterações da osteoartrite são coincidentes às alterações dos tecidos que compõem a articulação envolvida e o comportamento do condrócito, isto é que faz a cartilagem resistir as provocações e cargas físico-mecânicas.

Os estudos de imagens como ressonância magnética, tomografia computadorizada, raios-X digital com a cintilografia podem ajudar, mas na fase inicial a dificuldade diagnóstica com o uso de imagens é uma realidade.

Os exames laboratoriais pouco adicionam ao diagnóstico precoce, porém a hemossedimentação poderá estar um pouco elevada, como outros exames laboratoriais servem mais para um exame diferencial perante atividade reumática.

Os achados de valores aumentados de queratan sulfato no sangue e de epitopos de proteoglicanos nos líquido sinovial servem para o follow up futuro (Cossermelli).

As agressões articulares são múltiplas, ocorrem nas crianças, nos jovens adultos e nas pessoas com mais idade.

Hoje com as atividades físicas nas escolas, nos clubes, pela "profissionalização" precoce dos treinamentos esportivos, principalmente no futebol, podemos encontrar os episódios de sinovite articular em crianças. São estas sinovites que abrem o caminho para a existência da osteoartrite e osteoartrose na vida futura.

O “embalance” desequilíbrio articular, são as atividades provocativas físicas e esportivas, sofrem mais agravos e perdas desnecessárias quando são associadas com:

- inadequação do peso corporal, magreza ou obesidade

- variação anatômica neuro muscular da articulação

- erros de coordenação e da biomecânica nas atividades repetitivas, sejam andar, trotar, correr, praticando ou não alguma atividade esportiva

- biótipo versus ações repetitivas com variações patológicas biomecânicas

- doenças ou dificuldade neuro motora, erros na proporção do biótipo físico

- patologia de alinhamento articular, como valgo, vara e recurvato de joelhos, hiperlaxitude ligamentar articular.

- erros e agressões de treinamentos físicos esportivos, principalmente prática de caminhadas diárias

- abusos e exageros nas pré temporadas nos times de futebol

- exercícios provocativos como legg press, agachamentos, saltos, pliométricos, bike spin, caixa de areias, duck walk, canguru, movimentos de torção com sobrecargas, burpee, cama elástica, corridas na areia e alongamentos forçados, etc

- histórico de intercorrências cirúrgicas articulares, com complicações por processos infecciosos, por “poor aligment” de reconstrução dos ligamentos cruzado anterior, cruzado posterior e cantos dos joelhos. Uma “simples meniscectomia” pode ser o inicio silencioso da osteoartrite de joelho, principalmente pelo retorno acelerado na fisioterapia

- doenças reumáticas, metabólicas e infecciosas

- alterações do tônus muscular, erros posturais e má postura

- erro comportamental e de assertividade, quando o paciente insiste de forma persecutória nos exageros da prática esportiva, como corrida, caminhada, tênis, futebol, bike, etc, pelos benefícios antidepressivos da atividade. Uma fuga muito perigosa que leva o praticante a adquirir a osteoartrite, como manter um programa de atividade física forçado, que não coincide com a idade é outro procedimento que leva diretamente o praticante para a osteoartrite.


Teoria da Wake Forest University
Um estudo de longo prazo, realizado por pesquisadores da Wake Forest University, identificou a influência da perda de peso sobre a osteoartrite. A conclusão foi que a perda de 450 gramas de peso corporal diminuiria o impacto sobre as articulações do joelho em cada passo em 1,8 kg. Osteoartrite é uma doença degenerativa das articulações cujo principal fator que pode ser modificado pelo paciente é a obesidade.
Osteoartrite é a uma as principais causas de afastamento do trabalho e de aposentadoria precoce no mundo.
O estudo, conduzido por 18 meses com 142 adultos acima do peso com osteoartrite, também descobriu que a perda de 5% de peso corporal em adultos obesos mais velhos resultou em ganho de 18% no funcionamento geral.

Com o estudo claro e científico da Wake Forest University consolida nossa posição nestas décadas de não indicarmos as caminhadas como meio de cura e de saúde.
Infelizmente, os obesos são os mais estimulados a caminharem para emagrecer e são os que mais colhem as lesões articulares, assim como são acometidos pelos episódios de osteoartrite nos membros inferiores.

Um dos grandes vilões para os casos de osteoartrite de membros inferiores é o peso associado aos exercícios repetitivos esportivos. O excesso de peso e os exercícios esportivos repetitivos atuam aumentando o trauma intra articular, fazendo com que haja uma maior quebra de fibras colágenas, o que vai dificultar o efeito reparador por parte do condrócito.

Qualquer pessoa seja um atleta profissional, um esportista de fim de semana ou mesmo um indivíduo mais idoso, quando submetido a determinados esforços mais intensos ou mesmo traumáticos, pode desenvolver um quadro inflamatório da articulação que, nesta fase aguda, recebera a denominação de artrite.

A artrite dos esportistas de alta performance, ou em praticantes isolados de qualquer atividade física, como regra é traumática e deve ser diferenciada daquela das outras doenças reumáticas, dos processos infecciosos, das doenças microcristalinas, principalmente, da artrite reumatóide, uma doença específica.

Resumindo, quando nos referimos a Osteoartrite ou Osteoartrose – Artrose, estaremos sempre falando “de uma mesma doença”, dentro de uma progressão e perdas das estruturas nobres articulares, o quanto antes forem tratadas pelos especialistas das mais variadas áreas, os resultados podem ser atenuados ou diminuídos, porém sem retorno ao status prévio a doença.

Os critérios de diagnóstico da osteoartrite variam de acordo com a localização topográfica articular.

O importante é combinar todos os elementos possíveis laboratoriais, de imagem e clínicos para que seja identificado precocemente a osteoartrite.

Os sintomas podem ser variados e sem coincidência aparente aos esforços que esteja acostumado a fazer. Os sintomas podem ser perda da facilidade e da liberdade dos movimentos articulares (seria como uma pré-rigidez), calor na articulação, leve edema ou inchaço na articulação, transformação da imagem virtual da articulação em relação a outra normal, dificuldade em execução dos movimentos tidos como corriqueiros e normais, dificuldades em descer ou subir escadas, atrofia muscular, dificuldade em readquirir o volume muscular, ruídos articulares aumentados, sentir-se incomodado ao dormir ou quando está sentado, assim como dificuldade em manter as atividades normais da vida diária como escrever, desenhar, pintar, lavar louças, cozinhar, caminhar etc.

O tratamento consiste em indiscutivelmente propiciar um repouso total ou parcial da articulação envolvida, opcionalmente fazer uso de anti-inflamatórios não hormonais, analgésicos, medicamentos moduladores do processo inflamatório e fisioterapia específica e adequada.

É bom lembrar que todo tratamento de fisioterapia é correto, porém nem todo é específico e qualificado para todos os pacientes. Cada episódio e caso precisam ser atendidos num programa específico e individualizado.

Os tratamentos de fisioterapia não podem ser iatrogênicos facilitando o surgimento da osteoartrite.

É bom entender que as “propagandas” de medicamentos chamados condroprotetores ou reconstrutores condrais não estão confirmados em trabalhos de alto valor científico.
Os pacientes em todas as idades têm feito uso das condroitinas, hialuronato, hylan G-20, sulfato de glucosamina, glicosaminoglican, SAMe (S adenosil - L – Metionina) anti-radical livre e hepatoprotetor, extrato de cartilagem, e suas associações podem causar síndrome nefrótica e severa toxicidade hepática.

Acetaminofem: recomendado pelo American College of Rheumatology (Colégio Americano de Reumatologia) como a primeira linha de tratamento contra a osteoartrite. Quando tomado em doses de até 4 gramas ao dia, pode oferecer um alívio significativo da dor da artrite, porém com alguns efeitos secundários. Não se deve elevar a dose recomendada ou tomar o medicamento em combinação com grandes quantidades de álcool, já que pode haver danos no fígado.

Aspirina e antiinflamatórios não esteróides (AINES): estão disponíveis sem prescrição e normalmente são eficientes no combate à dor da artrite, podem apresentar muitos efeitos secundários. Os efeitos secundários mais perigosos dos AINES são a formação de úlceras estomacais, sangramento do trato digestivo e dano renal. Os pacientes com doença hepática ou renal ou com antecedentes de sangramento gastrintestinal não devem tomar estes medicamentos.

Celecoxib e o Rofecoxib tratam a dor da artrite de maneira similar aos AINES, no entanto, parece que produzem menor irritação estomacal e oferecem um risco menor de úlceras e sangramentos gastrintestinais, mas podem afetar o trato digestivo e serem tóxicos para os rins.

Glucosamina e condroitina orais: estes deveriam atuar nos blocos de construção da cartilagem, a substância que cobre as articulações. São encontrados em lojas de alimentos ou supermercados, sem prescrição. Os estudos iniciais indicam que estes compostos " fazem milagres" que não foram comprovados, mas que após longo período de uso já podemos encontrar contra indicações e alterações nefróticas.

Corticoesteróides ou esteróides: são medicamentos que reprimem o sistema imunológico e os sintomas da inflamação. Geralmente são empregados em casos severos de osteoartrite e podem ser administrados de forma oral por injeções ou, ocasionalmente, injetados diretamente na articulação afetada. Os esteróides são utilizados para tratar as formas autoimunológicas de artrites, mas devem ser evitados na artrite infecciosa. Os esteróides apresentam múltiplos efeitos secundários que vão desde mal-estar estomacal e sangramento gastrintestinal, hipertensão, afinamento dos ossos, cataratas e aumento das infecções.

O avanço mais recente na artrite tem sido o desenvolvimento dos denominados antibiológicos, que atacam em moléculas individuais para reduzir a inflamação. Tais medicamentos, que incluem o etanercept (Enbrel) e infliximab (Remicade), são administrados por meio de injeções intravenosas e podem oferecer grandes melhorias na qualidade de vida do paciente. Podem causar síndrome nefrótica e severa toxicidade hepática.

O mais importante é absorver os bons ensinamentos e atitudes prudentes dos especialistas, não se deixando levar pelo ímpeto dos “prazeres” do esporte ou da atividade física desenfreada.

O paciente tem que entender que ao identificar a osteoartrite, seja um atleta profissional de alto rendimento, de fama internacional, esportista por prazer, um triatleta de academia, um corredor de qualquer tipo de prova, tem o chamamento para pensar e resolver quais são os prejuízos imediatos e tardios.

Muitas vezes os técnicos e professores de academias, de triatlon e de ginástica apresentam a osteoartrite de joelho e de quadril. É o momento para entenderem que o tempo é inexorável, que esta patologia é o imposto que vem sempre atrelado ao esporte ou aos esportistas.

A “simples” inflamação articular, osteoartrite, quase sempre passa como um leve episódio inflamatório na vida das pessoas ativas, mas todas elas precisam entender que é o alarme sábio do corpo, para que reestabeleçam padrões aceitáveis de prática física, que não permitam a destruição de suas articulações.

Atletas que prolongam o uso de medicamentos para se manterem na atividade esportiva física provocativa, como da busca de “milagres”, são vítimas da própria escolha, que com o passar dos anos tem evoluído para graves osteoartroses, engrossando as filas de portadores de deformidades articulares com chances de terem que receber próteses.

Quando um atleta recebe milhões para praticar, jogar, exercer suas atividades profissionais, como no futebol, há a recompensa dos milhões que conseguiu guardar. Há disponibilidade de poder fazer qualquer tipo de tratamento em qualquer lugar do mundo, mas entendam que a osteoartrose não respeita ninguém.

Milhares de cidadãos levados pelos “milagres” da atividade física sem regras, feita nos parques públicos, nas competições de corrida, de triatleta, do futebolzinho semanal, dos excessos em clubes e academias, quando entram na faixa dos 50 anos para cima, tem sofrido o desespero dos tratamentos da osteoartrose, com severos impedimentos físicos. Muitos são submetidos às prótese articulares para poderem voltar a uma vida normal” perante as atividades diárias, sem no entanto retornarem ao esporte.

O entendimento entre todas as partes que envolvem o atleta ou paciente comum é o melhor caminho para obtermos os melhores resultados de combate a osteoartrite.

O especialista em reumatologia e o ortopedista, quando elaboram um tratamento ao paciente, precisam entender que a parte física e de fisioterapia tem que ficar sobre total cuidado do fisioterapeuta. Caso contrário os desencontros de tempos e momentos para se vencer a osteoartrite serão desperdiçados, com severo prejuízo ao atleta ou paciente.

É necessário que o paciente e o atleta entendam que todos os medicamentos que estão à disposição no mercado nacional e internacional não têm regenerado as lesões da evolução nociva da osteoartrite para a osteoartrose.

As comparações por imagens, com scanner computadorizado, nos estudos comparativos de "follow ups" com as imagens dos milhares de pacientes que usaram várias substâncias condroprotetoras ou condroregeneradoras, não apontaram para os "milagres' que tem sido prometido.

O mais prudente é inibir os fatores que propiciam a osteoartrite, principalmente com a reeducação e entendimento dos fatores que estejam agindo para fixação da osteoartrite que pode evoluir para a osteoartrose.

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