Texto do Escriba Valdemir Mota de Menezes
O cientista espacial e ex-editor de esporte Carl Sagan nos mostra como o esporte estimula as pessoas a se dividirem em torcidas.
“Vamos supor que, como quem não quer nada, você esta mexendo no seletor de canais da TV e sintoniza um jogo que não lhe diz nada de especial, por exemplo, um amistoso de vôlei entre a Birmânia e a Tailândia. Como você decide por qual time torcer? Mas espere um pouco, por que torcer por qual quer um deles? Por que simplesmente não apreciar a partida? Muitos de nos não conseguimos manter essa atitude imparcial. Queremos participar da disputa, nos sentirmos membros de um time. Esse sentimento nos domina e quanto menos percebemos lá estamos nos: “VAI BIRMANIA” No começo nossa lealdade pode oscilar fazendo-nos incentivar primeiro um time, depois outro. As vezes torcemos pelo time mais fraco. Outras vezes, vergonhosamente, viramos a bandeira: do perdedor para o ganhador, quando o placar já parece definido. ( quando um time sofre sucessivas derrotas numa temporada, a lealdade de alguns de seus torcedores pode balançar ). O que buscamos é vitória sem esforço. Queremos ser arrebatados por algo como uma pequena, segura e vitoriosa guerra.”
Não existe nada mais mentiroso do que dizer que o esporte une as pessoas, se isso for verdade não haveriam torcidas, pois estes são nada menos do que grupos que se hostilizam, desejando a todo custo suplantar o outro. Torcidas são grupos que se dividem em vários “REBANHOS” de acordo com a bandeira do time. As torcidas esportivas não podem ser comparadas ao relacionamento empregado e empresa de trabalho, nem do relacionamento do crente com a denominação em que congrega. Pois 50 panificadoras podem funcionar tranqüilamente em uma cidade de porto médio, sem que necessariamente haja a necessidade dos outros falirem e só uma permanecer com o monopólio do pão na cidade.
Nesta mesma cidade, 50 congregações cristãs podem se reunirem para adorar a Deus sem que uma representa ameaça para a outra, não há nenhuma regra que estipule que só uma delas pode crescer, batizar e conquistar novos membros todas podem crescer. Mas o esponte é diferente só um é campeão seja nos “timinhos” da rua, ou da copa do mundo, um ganha e os outro são derrotados. No comercio e na religião todos podem progredir um ao lado do outro, mas no esporte só um pode sorrir, o campeão. No comercio e na religião, tantos os trabalhadores como os crentes participam diretamente nas atividades da sua agremiação, mas no esporte os torcedores são passivos, eles não podem participar na escalação do time, não podem chutar a bola, não podem participar em qualquer lance da partida, não podem disputar, o maximo que eles podem fazer é berrar, berrar e berrar como cabras das montanhas “atrepados nas arquibancadas”.
Outros latem, latem, latem como cachorro louco, dando ordem para o jogador fazer essa ou aquela jogada, mas nem se quer são ouvidos. É interessante que os únicos que torcem de coração pela vitória são os fanáticos das arquibancadas, porque os atletas mesmos, não têm escrúpulos, nem amor pelo time. Se houver, são pouquíssimos, porque quando uma outra associação esportiva o convida para ir jogar pelo outro time e paga mais é certo que na próxima temporada ele disputara o campeonato, pelo outro time. Um exemplo disso vimos com Romário, considerado pelos críticos como melhor jogador da copa de 1.994, ele antes da Copa foi jogador do Vasco da Gama arqui-rival do Flamengo e quando passou a Copa do Mundo, Romário por dinheiro transferiu-se do Barcelona e foi jogar pelo maior inimigo do Vasco, o Flamengo.
Tudo bem que tais atletas se julguem “profissionais”, mas isso não invalida o fato que somente o povo é que torce, os atletas não. Na igreja um presbiteriano moralista e pentecostal não “troca” de denominação indo para uma mundana e tradicional, nem que lhe oferecessem dez vezes mais o seu salário. Carl Sagan chama os atletas de mercenários:
“na verdades a maioria dos nossos jogadores não é realmente daqui. São mercenários de cidades adversários em troca de uma paga adequada. As vezes um time inteiro muda de cidade.”
Então resumindo podemos dizer:
-os atletas são mercenários
-os torcedores são fanáticos
-os esportes dividem e não unem as pessoas.
Certa vez vimos alguns crentes se reunindo para bater uma bolinha e daqui a pouco umas irmãzinhas tomaram partido para torcer pelo timinho dos irmãos mais bonitos e foi um Deus nos acuda, gritavam, pulavam, davam ordem de avanço vaiavam os feinhos em um ato abominável de partidarismo e torcida. Para falar a verdade nunca vimos aquelas irmãs em um culto ficarem tão fervorosas como naquela tarde de 1990 em Montevidéu-Uruguai.
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